domingo, 2 de fevereiro de 2014

RUMI - "SOU O ESCRAVO QUE LIBERTOU O AMO"


Jallaludin Rumi - (1207-1273)

"SOU O ESCRAVO QUE LIBERTOU O AMO"

Sou o escravo que libertou o amo

O Discípulo que instruiu o mestre

Sou a alma que ontem nasceu no mundo

e no mesmo instante criou esse mundo vetusto.

Sou a cera orgulhosa que fez o ferro virar aço.

Passei unguento nos olhos dos cegos

e ensinei homens de pouco entendimento.

Sou a nuvem negra que trouxe alegria

da noite de dor ao dia de festa.

Sou a terra milagrosa

que pelo fogo do amo se elevou

e tocou a mente do Céu.

Noite passada o rei não dormiu,

contente de saber que eu, o escravo, dele me lembrei

Não me culpes se sou escandaloso e lavrei justiça,

foste tu que me embriagaste.

Silencio, que o espelho se desgasta;

quando soprei sobre ele,

protestou contra mim.

Alguém bateu a porta da Bem-Amada,

e uma Voz lá dentro perguntou:

"Quem está aí ?"

E ele respondeu - Sou eu.

A Voz então disse:

"Esta casa não conterá nós dois"

E a porta continuou fechada

Então o Amante foi para o deserto e na solidão jejuou e orou.

Retornou depois de um ano e bateu novamente à porta.

E de novo a voz perguntou:

"Quem é?"

E o Amante respondeu:

"És tu mesma!"

E a porta lhe foi aberta. 





Fonte: A Mística do Amor - Jallaludin Rumi - Ed. Pradense - 2012
Tradução: André Luis Soares Vargas