![]() |
Jallaludin Rumi - (1207-1273) |
"SOU O ESCRAVO QUE LIBERTOU O AMO"
Sou o escravo que libertou o amo
O Discípulo que instruiu o mestre
Sou a alma que ontem nasceu no mundo
e no mesmo instante criou esse mundo vetusto.
Sou a cera orgulhosa que fez o ferro virar aço.
Passei unguento nos olhos dos cegos
e ensinei homens de pouco entendimento.
Sou a nuvem negra que trouxe alegria
da noite de dor ao dia de festa.
Sou a terra milagrosa
que pelo fogo do amo se elevou
e tocou a mente do Céu.
Noite passada o rei não dormiu,
contente de saber que eu, o escravo, dele me lembrei
Não me culpes se sou escandaloso e lavrei justiça,
foste tu que me embriagaste.
Silencio, que o espelho se desgasta;
quando soprei sobre ele,
protestou contra mim.
Alguém bateu a porta da Bem-Amada,
e uma Voz lá dentro perguntou:
"Quem está aí ?"
E ele respondeu - Sou eu.
A Voz então disse:
"Esta casa não conterá nós dois"
E a porta continuou fechada
Então o Amante foi para o deserto e na solidão jejuou e orou.
Retornou depois de um ano e bateu novamente à porta.
E de novo a voz perguntou:
"Quem é?"
E o Amante respondeu:
"És tu mesma!"
E a porta lhe foi aberta.
Fonte: A Mística do Amor - Jallaludin Rumi - Ed. Pradense - 2012
Tradução: André Luis Soares Vargas